Projeto de Engenharia beneficia aldeia indígena no Amazonas

Até a construção do sistema, as 778 residências da aldeia, cujos habitantes são das etnias Ticuna e Kokama, consumiam água diretamente do rio ou das chuvas e sofriam com enfermidades decorrentes da falta de tratamento da água.

quarta-feira, 3 de agosto, 2016 - 14:09


O sistema de abastecimento de água com Estação de Tratamento implantado na Aldeia ‘Belém do Solimões’, localizada no município de Tabatinga, a 1.109 km de Manaus, foi apresentado na última semana, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), pela engenheira civil Vanessa Almeida. O projeto, calculado para atender à comunidade indígena em um período de pelo menos vinte anos, já beneficia os quase cinco mil habitantes, que sofriam com doenças decorrentes da falta de tratamento adequado da água conforme apurado pela equipe do Portal do CREA-AM. Segundo a palestrante, em 1998, o igarapé que corta a aldeia foi utilizado como principal manancial na execução do primeiro sistema de abastecimento de água na localidade. Entretanto, com o passar dos anos as características da água do igarapé mudaram: houve elevação da sua turbidez, essencialmente na época do verão, em que desaparecem todas as fontes superficiais, tornando-se simplesmente fios de água que quase secavam por completo devido à estiagem. A partir de um levantamento topográfico feito na implantação do primeiro sistema, o novo projeto foi calculado para atender à comunidade indígena em um período de pelo menos vinte anos, considerando a projeção de aumento populacional. Em 2012, eram 4669 habitantes e de acordo com os cálculos, em 2032, serão 6275. Para realizar os cálculos de vazão, foram utilizados indicadores médios do consumo de água levantados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). De acordo com a engenheira, as comunidades indígenas consomem uma média de 150 litros per capita por dia. Na área urbana, o consumo médio é de 120 litros. Relacionando esses valores com a projeção populacional, chegou-se a um volume em termos de reversa necessário de 400m³. Até a construção do sistema, as 778 residências da aldeia, cujos habitantes são das etnias Ticuna e Kokama, consumiam água diretamente do rio ou das chuvas, sendo diarreia, febre, vômito e malária as doenças mais frequentes, ou seja, enfermidades decorrentes da falta de tratamento da água. Outro fator problemático é o acesso: situada na margem esquerda do rio Solimões, a 50,33 km, em linha reta, da sede do município, só é possível chegar a aldeia Belém do Solimões por via fluvial, perfazendo cerca de três horas de viagem. Segundo a engenheira, foram implantadas uma Estação Compacta Aberta com capacidade de 90,00 m³/h; um Reservatório Apoiado (200,00 m³) e um Reservatório Elevado (100,00 m³). Além disso, o Reservatório Elevado Existente (100 m³) foi reformado e houve demolição do antigo Reservatório Elevado metálico, com capacidade para apenas 20 m³. Já a Estação com filtro Russo (10 m³) existente, foi aproveitada para uma outra comunidade, com menor população. As obras foram possíveis depois do decreto de Lei nº 12.314/2010, que autorizou a criação das Secretarias Especiais de Saúde Indígena (Sesai) no âmbito do Ministério da Saúde, tirando todas as ações de saúde e saneamento básico nas comunidades indígenas da administração da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e levando para o Ministério. Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a apresentação da engenheira compôs a programação de palestras da Segunda Semana de Engenharia Civil da Universidade, que aconteceu na última semana.     Bianca Alves   Assessoria de Comunicação do CREA-AM (92) 2125-7127 [email protected]

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