A empresa Klabin e a Embrapa firmaram uma parceria inédita através de uma pesquisa visando a criação e a validação de diretrizes de um sistema silvipastoril (integração pecuária-floresta – ILPF) que permite o uso integral da floresta plantada para a produção de celulose e papel, ao mesmo tempo em que o produtor cria gado de corte. Os sistemas silvipastoris podem ser usados para mitigar ou neutralizar os gases de efeito estufa emitidos pelo gado.
Com essa pesquisa, espera-se criar diretrizes para que os produtores rurais possam, além de acessar o mercado sustentável da carne baixo carbono, também vender os plantios florestais em sua totalidade para a indústria de celulose e papel e ter uma fonte adicional de renda.
O protocolo de carne baixo carbono atualmente se refere à integração lavoura e pecuária. Outro protocolo, o de carne carbono neutro, se refere a sistemas com árvores voltadas ao mercado de toras/serrarias.
Segundo o coordenador do projeto da Embrapa Florestas, pesquisador Vanderley Porfírio, a iniciativa é pioneira no setor e está ligada ao programa de parcerias “Plante com a Klabin”, que terá duração de sete anos. Neste período, serão realizados os estudos e a coleta de dados nas propriedades que já estão participando, que se tornarão unidades experimentais com o sistema silvipastoril.
Pela Embrapa, o projeto faz parte de iniciativas da empresa em busca de alternativas de produção que promovam a “descarbonização” da agropecuária brasileira, por meio de sistemas de produção mais sustentáveis e que também agreguem renda ao produtor, a exemplo de projetos já em andamento na mesma linha, como o “Carne Carbono Neutro”, “Soja Baixo Carbono”, “Leite de Baixo Carbono” e, agora, o início do desenvolvimento deste projeto aliando a produção de celulose à de “carne baixo carbono”.
Resultados esperados
Essa pesquisa vai estabelecer as diretrizes para a validação desse sistema voltado para a produção de celulose, visando a mitigação da emissão dos gases de efeito estufa dos bovinos por meio do sequestro de gás carbônico (CO2) pelas árvores, incluindo as raízes, outro diferencial desse estudo.
Dentre os potenciais benefícios desse projeto podem ser destacados o incentivo à geração de renda nas propriedades rurais; e o aumento da qualidade, da rentabilidade e da diversificação das propriedades, a fim de gerar informações para subsidiar políticas públicas, tais como as do Plano ABC+, recentemente lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e que tem como objetivo a ’descarbonização’ da produção brasileira, que pode incentivar a promoção dos benefícios do sistema silvipastoril e, com isso, estimular que mais produtores adotem a prática.
Os resultados do estudo poderão, no futuro, promover condições para a certificação da “carne baixo carbono”, permitindo aos proprietários rurais acessarem o mercado sustentável do produto, pois atesta que os animais que deram origem a esse produto tiveram as suas emissões de metano compensadas durante a produção pelo crescimento das árvores integradas no sistema, e que o bem-estar animal foi promovido com a presença de sombra para eles e sem agredir o meio ambiente.
(Fontes: Klabin, CNA, Forbes e Embrapa/ Imagem: CNA/ Edição: Samara Roriz )