A apneia do sono é um grave problema de saúde pública e os dados de prevalência desta doença são alarmantes. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia, na cidade de São Paulo, 26% dos motoristas de caminhão tinham alto risco de ter apneia do sono e a maioria admitiu que já tinha cochilado no volante. Em outro estudo também na cidade de São Paulo, 32,8% da população geral tinha apneia do sono. E é também do estado, mais especificamente da Universidade de São Paulo, que se apresenta uma solução inovadora para o tratamento da doença.
Pesquisadores do Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e sediado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) estão desenvolvendo uma máscara mais eficiente e confortável para o tratamento da apneia do sono. Atualmente, os pacientes usam o CPAP (aparelho de pressão positiva nas vias aéreas), que é um aparelho utilizado para o tratamento da apneia obstrutiva do sono. Ele consiste numa máquina com pequenos compressores que bombeiam o ar do ambiente sob pressão para uma máscara adaptada ao nariz do paciente. “Contudo, muitas pessoas abandonam o tratamento com o CPAP porque se engasgam com o ar que está sendo direcionado da boca para a cavidade nasal. Além disso, quando o engasgo ocorre, o CPAP também para de funcionar”, explica o doutorando em engenharia mecânica na Poli-USP e pesquisador Vítor Bortolin.
A nova máscara foi desenvolvida com uma divisória entre as cavidades nasais e bucais, utilizando uma técnica de engenharia comumente aplicada em equipamentos da indústria de gases. Essa técnica permite que o ar circule entre as duas cavidades, mantendo automaticamente diferentes pressões do ar no nariz e na boca. No nariz, a pressão deve ser aproximadamente 10% maior, e essa autorregulação é fundamental para o funcionamento ideal da máscara. “Adotamos uma técnica conhecida como diodo fluídico, que consiste em uma válvula unidirecional sem partes móveis. Essa configuração foi projetada para facilitar a passagem do ar do nariz para a boca, onde ocorre a saída de ar, enquanto dificulta o fluxo inverso do ar da boca para o nariz. Portanto, quando a pessoa abre a boca, a válvula impede que o ar retorne para o nariz, prevenindo assim engasgos”, explica Bortolin.
Os componentes da válvula e os filamentos foram fabricados por meio de uma impressora 3D e posteriormente instalados em uma placa que separa as duas cavidades da máscara. Essa placa é confeccionada em plástico e revestida com silicone acolchoado. Graças ao seu design inteligente e às propriedades do material, o equipamento oferece um nível significativamente maior de conforto e facilidade de uso, tanto em ambientes hospitalares quanto domiciliares.
A equipe que desenvolve o projeto é liderada pelo professor Júlio Romano Meneghini e é composta pelos pesquisadores e engenheiros Vítor Bortolin, Bernardo Luiz Harry Diniz Lemos e Rodrigo de Lima Amaral. Os pesquisadores estão à procura de parceria para que possam comercializar a máscara.
Fonte: Confea