O alerta é do arquiteto Jaime Kuck, da Universidade Luterana de Manaus (Ulbra). Ao comentar sobre esse fenômeno, existente em todas as cidades do mundo, caracterizado por um aumento de temperatura porque esses materiais são coletores de calor.Kuck aponta espaços como o da Avenida Torquato Tapajós, próximo à Estação Rodoviária, em Flores, Zona Centro-Oeste e o Complexo Viário Gilberto Mestrinho, no Coroado, Zona Leste, como ilhas de calor da cidade.Em ambas, a quantidade de concreto e asfalto gera um desconforto térmico tão grande que, no caso do Coroado, nem a proximidade dos fragmentos florestais da Universidade Federal, a Ufam e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) contribui para reduzir esse efeito.Outra ilha de calor está situada na Torquato Tapajós, próximo ao Terminal Rodoviário de Manaus, na rotatória do bairro Jorge Teixeira. Segundo ele, no Centro de Manaus, telhados mais escuros funcionam como coletores de calor.TelhadosA solução seria ter uma arborização mais densa e cores mais claras para os telhados para reduzir o fenômeno. O arquiteto cita, inclusive, os telhados verdes que viraram moda na Europa e que começam lentamente a ser implantados no Brasil, com a cobertura vegetal.Além do consumo de energia, um dos efeitos das ilhas de calor é o aumento do volume de chuvas, pois nessas áreas de baixa pressão atmosférica, o ar tem uma dinâmica ascendente que faz com que nesses locais haja maior concentração de umidade, contribuindo para um volume maior de precipitações.O edifícios também contribuem para esse fenômeno, principalmente pela uso de vidro, pois embora existam os que reduzem a entrada da radiação, é um material inadequado para Manaus, porque acaba tornando o espaço numa estufa.Por conta disso, ele cita a proposta do Plano Diretor de Manaus de autorizar edifícios de 25 andares na Avenida das Torres.Como essa via é de fundo para o Igarapé do Mindu, Kuck afirma que torres próximas a leitos de rio vão provocar o bloqueio da circulação de ventos, que manteriam um microclima mais agradável.Sobre esse aspecto, ele confirma a tese do grande arquiteto Severiano Mário Porto, quando dizia que a construção de prédios muito altos na Ponta Negra faria uma barreira à entrada de ventos na cidade.Kuck diz que com a cidade já tem uma ventilação precária, se a brisa pequena que vem do rio for interrompida por conta da ocupação da orla, haverá, sim, mais calor.Plano Diretor não colaboraO arquiteto Jaime Kuck lamenta que no debate do plano diretor não se tenha dado importância ao conforto ambiental da cidade no cuidado com áreas de fundos de vale, que são as áreas mais baixas do relevo, por onde passam os igarapés.“Mas estamos fazendo o mesmo feito em São Paulo, apesar de conhecer o drama gerado lá com o asfaltamento e a criação de vias nessas áreas”, advertiu o arquiteto, lamentando que onde passam os igarapés, é mais fresco em função da água, por isso projetos que canalizam os igarapés não são recomendáveis.“Hoje, a cidade esquentou e uma das razões é a degradação dos igarapés, o desaparecimento da vegetação ciliar, a excessiva impermeabilização dessas áreas, e criação das vias de fundo de vale”, assegurou ele, lembrando que só com a proteção da mata ciliar, que ocorre nas margens dos rios, mantém-se uma temperatura mais baixa.No outro lado, nos divisores de água, poderíamos ter as grandes vias, telhados, prédios, lugares mais quentes, mas que em função de temperatura mais amena nos fundos de vale, haveria uma circulação de vento contribuindo para mitigação desse efeito do calor.ColetoresOs coletores de calor, como são chamados o asfalto, os viadutos de concreto, somados a redução da vegetação, são desvantagem para uma cidade como Manaus, onde se tem que gastar muito mais energia para climatizar os ambientes, observa o especialista, citando diferenças de temperaturas em locais onde há pouca vegetação e muita quantidade de asfalto e concreto.RecuperaçãoNa Europa, há 40 anos eles vêm quebrando todas a obras concreto ao longo dos riachos e igarapés, repondo a mata ciliar, cercando e protegendo essas áreas. Vários rios foram recuperados, com a mata ciliar que faz a proteção as margens. Jaime Kuck questiona por que aqui se faz o contrário?FONTE: Portal A Crítica

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