A Amazônia está sendo invadida por um exército numeroso e voraz. Indivíduos estrangeiros estão transpondo “secretamente” nossas fronteiras e causando danos ao agronegócio brasileiro. Esta verdadeira força de invasão é composta por insetos e ácaros capazes de destruir plantações de citros e prejudicar a produção de leite no Amazonas e no resto do país.O alerta vem dos pesquisadores do Laboratório de Entomologia e Acarologia Agrícola da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). “Pelo menos quatro pragas que representam grande prejuízo para a plantação de citros, banana e também a criação de gado entraram no país pela Amazônia. A porta de entrada são as nossas fronteiras com o Suriname, Guiana Inglesa e Venezuela”, diz o entomólogo Néliton Marques da Silva.O pesquisador afirma que as pragas que cruzaram as fronteiras brasileiras na Amazônia ameaçam não só a economia do Estado, como a do resto do país. Entre elas está a mosca-dos-chifres, de procedência europeia, que suga o sangue do gado e compromete a produção de leite ao estressar o animal. A ação desta mosca encarece o processo produtivo ao exigir medidas de controle por meio do uso de inseticidas e diminuir a quantidade de leite por vaca.Outra praga perigosa, vinda da Ásia, é a mosca-dos-chifres. “Este inseto, que entrou no país em 2001 pelo Pará e chegou ao Amazonas em 2004, suga a seiva das plantas, provoca a proliferação de fungos nas folhas e reduz a produção em até 80%. Essa mosca tem preferência por plantações de citros”, afirma a entomóloga, Márcia Reis Pena.A mais recente invasão ficou por conta do ácaro vermelho, originário da Europa. Ele entrou no Estado em 2011 e ataca, principalmente, as plantações de banana. “Essa praga já está na área urbana de Manaus, foi identificada por mim e outros colegas no Parque do Idoso e próximo à reitoria da UEA. Ele ataca, principalmente, plantações de coco e banana”, alerta o acarologista, Geraldo José Nascimento de Vasconcelos.A próxima invasão pode ficar por conta da cochonilha rosada, que já foi detectada na Guiana Inglesa e tem origem na Índia. “Estamos preocupados com a entrada desta praga, pois ela ataca mais de 200 espécies de plantas, muitas delas de importância para o Brasil. Podemos citar o feijão, os citros, café, cacau, uva, coco e outras”, alerta Néliton Marques.Impactos econômicos da ação das pragasA ação das pragas sobre o agronegócio regional e nacional tem potencial para causar muitos prejuízos. Em se tratando dos citros, a mosca-negra-dos-citros e a cochonilha rosada ameaçam a posição brasileira de maior produtor mundial, com um milhão de hectares plantados e cuja maior parte destina-se à indústria de sucos. No Amazonas, segundo a Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), 5.293 produtores tiram seu sustento da produção de citros. Juntos, eles produziram na última safra 73 milhões de frutos.O ácaro vermelho é um risco à produção de banana no país, que ocupa o segundo lugar em volume produzido quanto em área plantada. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) , a Região Norte detém 26% da produção nacional. Dados do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), revelam que o fruto é o mais consumido pela população do Amazonas, com uma produção anual de 8.350.000 cachos.Já a mosca-dos-chifres tem potencial para estancar o crescimento ou causar a diminuição na produção de leite nacional e regional. A Embrapa indica que a produção de leite no país aumentou em 10 bilhões de litros entre os anos de 2001 e 2010, atingindo a marca de 30,4 bilhões litros no (?) ano passado. No Amazonas, a produção também subiu de 40,6 mil litros em 2008 para 51,1 em 2010.A ciência como principal “arma” contra as pragasNa “guerra” contra as pragas, o trabalho dos pesquisadores consiste em identificar as espécies invasoras e obter informações sobre o seu ciclo de vida na Amazônia. “A nossa pesquisa inova ao obter dados sobre como essas pragas se comportam na Região. Os dados ajudam os produtores a controlarem as pragas por meio de cntrole biológico ou inseticidas e reduzirem as perdas”, explica Néliton Marques.O combate à mosca-negra-dos-citros e ao ácaro vermelho deve ganhar novas armas com o resultado das pesquisas realizadas no Amazonas. “Identificamos um fungo chamado aschersonia que tem apresentado bons resultados na destruição das larvas da mosca-negra-dos-citros antes delas causarem danos às folhas. Ele se desenvolve dentro do corpo da praga e não causa danos à planta”, conta Márcia Pena.Foto: Mosca-negra-dos-citros sugando a seiva de uma folha de laranjeira (Divulgação)Devido ao fato de não haver acaricidas licenciados no Brasil capazes de combater o ácaro vermelho , os pesquisadores também apostam no controle biológico. “Encontramos alguns ácaros nativos que são predadores do ácaro vermelho e podem ser usados no seu controle. Por outro lado, pesquisamos também extratos de plantas amazônicas com propriedades acaricidas, ou seja, capazes de matar a praga”, diz Geraldo Vasconcelos.O conhecimento científico produzido sobre as pragas dará suporte ao desenvolvimento de técnicas de controle biológico e ao desenvolvimento de novos acaricidas e inseticidas. “Após finalizarmos as pesquisas, começa outra fase que diz respeito ao treinamento de técnicos do governo para ensinar os produtores e controlar as pragas e a participação de empresas que queiram investir no lançamento de novos inseticidas e acaricidas”, afirma Márcia Pena.Barreiras sanitárias e conscientização ajudam a prevenir pragasUm gesto aparentemente inocente de colher uma flor ou levar para casa uma fruta comprada no exterior pode abrir caminho para a chegada de uma nova praga ao país. “As pessoas quando colhem folhas, galhos ou compram frutas em países já infestados correm o risco de estarem transportando insetos e ácaros minúsculos para o Brasil. Nestes casos, é muito difícil as barreiras sanitárias nas rodovias, portos e aeroportos terem sucesso”, diz Néliton Marques.Apesar da constatação científica da entrada de várias pragas no Estado, sendo a última delas o ácaro vermelho este ano, o Governo do Amazonas afirma que são mantidas barreiras sanitárias em todos os municípios que fazem fronteira com estados vizinhos. “Isso revela a importância desse serviço. Sem ele é impossível fazer a defesa de nossas plantações”, diz o secretário de Estado da Produção Rural, Eron Bezerra.No caso de infestação por meio da compra de produtos importados, a responsabilidade de manter o Brasil livre de pragas é do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MA).Fonte: Portal Amazônia.

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