Mudanças climáticas podem ampliar tragédias naturais no Brasil

Tragédias naturais afetaram, entre 1991 e 2012, 96,2 milhões de brasileiros. O levantamento é do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, uma parceria entre a Secretaria Nacional de Defesa Civil e a Universidade Federal de Santa Catarina. Episódios como inundações e estiagens mataram 2.475 pessoas neste mesmo período. Estima-se que, nos próximos anos, as tragédias devam ser intensificadas por conta das inexoráveis mudanças climáticas. O País planeja mais do que dobrar o monitoramento em cidades de maior risco até o ano que vem, mas a situação ainda está longe de ser ideal.

quarta-feira, 2 de outubro, 2013 - 16:47
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A grande maioria dos municípios (93,5%) – no total, 5.201 – ainda não elaborou seus registros históricos de eventos extremos e cartas geotécnicas, informações fundamentais para que uma cidade possa ter suas áreas de risco monitoradas. “Os municípios ainda não estão preparados para responder a desastres, como o deslizamento de encostas na Região Serrana do Rio em 2011. Não existe um planejamento a longo prazo. Enquanto isso, alguns eventos extremos abrangem uma área cada vez maior. A estiagem, por exemplo, costuma ser associada apenas ao Nordeste, mas agora também atinge o Noroeste do Rio Grande do Sul e o Oeste catarinense”, assinala Antônio Edésio Jungles, coordenador do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped-UFSC) e do projeto do Atlas. Em 2014, um grupo interministerial fará um estudo preliminar sobre as políticas de adaptação ao clima em regiões densamente habitadas – entre elas, Rio, São Paulo, Recife e Salvador. A avaliação poderia incluir Manaus, para analisar o efeito do desmatamento naquela região da Amazônia; e uma localidade do bioma Pantanal. “Como estas são regiões menos populosas, há menos pessoas afetadas por desastres naturais. Ainda assim, há um impacto ambiental nestes biomas, e precisamos saber como eles devem se adaptar às mudanças do clima”, – explica o pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Inpe, José Marengo. Para Marengo, a população é vítima da falta de diálogo entre as esferas de governo e da inércia das autoridades locais. ”Falta coordenação. Os tomadores de decisão questionam a existência das mudanças climáticas. As autoridades estão cercadas por céticos e cientistas. Na dúvida, optam pela inércia, e esta falta de posicionamento culmina em um desastre com mortos”, lamenta. Por enquanto, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) analisa os serviços meteorológicos e fenômenos climáticos de 360 cidades. A meta é que o sistema chegue a 814 municípios até o fim do ano que vem. Outras metrópoles do planeta, aos poucos, engajam-se nas políticas de adaptação às mudanças climáticas. A organização internacional CDP publicou uma enquete com 110 grandes cidades do mundo. Apenas 54 têm projetos para prevenir eventos extremos. Fonte: Ciência em Pauta

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